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Arquitetos: João Mendes Ribeiro
- Área: 1161 m²
- Ano: 2010
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Fotografias:do mal o menos , Patrick Monteiro, Jose Meneses, Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa do Arco, antiga residência do poeta João Cochofel e actual Casa da Escrita, situa-se na Alta de Coimbra, na proximidade da Torre do Anto e insere-se num conjunto urbano denso, de ruas estreitas e sinuosas, predominantemente habitacional.
O programa para a Casa da Escrita previa a reutilização contemporânea do edifício, com a sua adaptação a novas funções, conciliando valores patrimoniais e simbólicos com os actuais requisitos técnicos e de conforto e flexibilidade. A flexibilidade, entendida não como a antecipação exaustiva de todas as mudanças possíveis, mas sim como a aptidão para uma ampla margem de usos e interpretações, materializa-se, na Casa da Escrita, no “esvaziamento” e depuração formal dos espaços de habitação, tornando-os disponíveis para novos usos.
Mantendo, no essencial, a complexidade orgânica na distribuição dos espaços interiores, gerada pela sobreposição de zonas públicas e privadas, dispõe-se, actualmente, de espaços amplos e flexíveis, passíveis de acolher a diversidade de conteúdos e actividades ligadas à escrita, bem como as acções espontâneas dos habitantes da Casa. Foi, no entanto, necessário introduzir nessa estrutura orgânica um sistema racional de acessos e comunicações verticais, espaços de serviço e infra-estruturas técnicas, em resposta aos novos requisitos funcionais.
A ala Sul do edifício, ao nível do piso térreo, integra três novos espaços relacionados entre si que correspondem, respectivamente, à cozinha, aos acessos verticais (escada e elevador) e às instalações sanitárias. Estas dependências ocupam um volume compacto e independente, integralmente construído em madeira.
Junto à entrada principal, no piso térreo, fica a livraria cuja configuração, baseada no uso de estantes móveis, pode ser facilmente alterada, transformando-a, por exemplo, num espaço para exposições.
No primeiro andar, localizam-se os salões correspondentes à ala do século XIX, a partir dos quais se faz o acesso aos jardins. Essas salas são actualmente ocupadas como biblioteca, auditório e sala de refeições. Na ala Sul, as salas menores, destinam-se aos espaços de residência temporária de artistas, que inclui um quarto com casa de banho e uma sala de trabalho, que poderá ser convertida num quarto adicional.
No piso superior, o salão nobre mantém a sua configuração geral, mas a sua caracterização foi significativamente alterada com a pintura integral, a branco, de tectos, paredes e de todas as peças de madeira. Esta solução, que se estende a toda a Casa, permitiu caracterizar um ambiente uniformemente luminoso e ligeiro, contrastante com a ambiência anterior à remodelação. O espaço do sótão é ocupado por uma sala única que acolhe o arquivo activo e três nichos para consulta individual de documentação, sob as novas mansardas rasgadas na cobertura.
Todo o mobiliário da Casa foi seleccionado por forma a proporcionar a adequação dos espaços ao novo programa funcional e a um público alargado, sem, no entanto, anular a referência ao espaço original e ao ambiente de conforto e intimidade da habitação.